Janeiro de 1990

A sociedade insiste em ditar que você só vai ser feliz e aceito se tiver um corpo "perfeito". Mulher tem que ter barriga sarada, mas as pernas precisam ser grossas. Quadril reto? Nem pensar! Tem que ser magra e ao mesmo tempo, tem que ter carne para alguém pegar. Um pouco confuso, não?

Mas meu assunto aqui hoje é diretamente aos homens: vocês são tão vítimas quanto nós mulheres. Os meios de comunicação, a moda, a educação, o preconceito, e também as mentes pequenas são culpadas de nos fazer ficar incomodados quando alguém aparentemente no padrão parece e rouba olhares e admirações.

Repito, não há problema em fazer academia, em se alimentar melhor, etc. O problema está em você não se aceitar por ser um homem magro, em se achar menos por não ter a barriga daquele cara famosinho do instagram ou os braços do maromba que está há anos fazendo academia e que arranca suspiros de algumas pessoas, como se largura dos braços definisse a beleza de alguém.

O outro não é melhor que você porque tem uns quilos a mais ou a menos. E mesmo havendo milhões de pessoas que vão te dizer o contrário, só você pode fazer qualquer critica ou padrão ser apenas palavras que chegam mas vão embora com o vento. Não internalizar algo negativo sobre você mesmo ou sobre os outros, só depende de você! É um exercício diário e posso dizer que até difícil: se amar! Mas deve valer a pena. A vida é muito curta, enfim...

Falam-se tanto da importância do amor próprio. É importante mencionar também que ele não cresce do dia pro outro. Exige esforço da pessoa. Tem que querer muito. Se amar vai além das aparências, por isso não é tão simples. Uma roupa legal, um cabelo bonito e bens materiais podem até influenciar na construção de uma personalidade forte e de autoconfiança, mas, se a pessoa consegue ter tudo isso, mas ainda assim, sabe que por dentro se sente sozinha e insegura de tudo, talvez o problema não seja o que ela aparenta ser, e sim o que ela realmente é, para ela mesma.

É muito fácil dizer para alguém dormir inseguro e acordar confiante. Difícil é quando a pessoa sempre foi assim e nem tinha essa percepção, até que um dia resolveu se perguntar porque as coisas não iam bem. Se colocar no lugar do outro e tentar Ajudá- lo a se encontrar é melhor que simplesmente chamá-lo de fresco. Ninguém quer ter autoestima baixa, a pessoa não escolheu ser assim, por isso a importância de respeitar e ajudar. O amor próprio é construído no cotidiano, ele nasce naquele dia que você se olha no espelho e percebe que é autor da próxima história. Você começa a olhar mais para você, a se gostar ao invés de se comparar. Até aquela roupa velha que você já tinha enjoado, parece melhor no seu corpo.

A autoestima melhora quando você consegue sair na rua e aproveitar a paisagem, ao invés de ficar olhando na vitrine roupas que você acha que te farão alguém melhor. Podem até te deixar mais "aparentável", mas nunca poderão preencher o vazio que você sente toda noite antes de dormir. Enquanto não se resolve aqui dentro, tudo será igual. É bom quando se percebe que está andando em círculos, porque é a partir daí que paramos um pouco e buscamos um novo caminho, com mais entusiasmo, alegria de viver e menos pessimismo sobre tudo. Ser negativo é viciante, e se a pessoa não quiser realmente sair desse vídeo, pouco poderá ser feito. Amar-se requer coragem. Você é capaz de enfrentar algumas verdades? Amar-se requer dedicação. Você está disposto de tirar uns minutos para estar com você todos os dias? Não adianta querer que tudo seja diferente, quando se sentir diferente é motivo para se autossabotar! Refletindo.

Nome/Cidade/Estado:

Júlia Martins Martorelli

Belo Horizonte, Minas Gerais

Profissão:

Estudante e estagiária de TI

Fez, faz faculdade ou tem vontade de cursar? Qual curso?

Faço o curso de sistemas de informação.

Indique um livro interessante que você acredita que todos deveriam ler.

A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan.

O que você pensa sobre o padrão de beleza feminino ditado pela sociedade?

Acho que padrão é algo que não existe, pois tudo é diferente. Senão houvesse preocupação com esse tipo de questão, as mulheres estariam bem melhor do que já são.

Você já sofreu algum preconceito/machismo por ser mulher? Pode nos contar?

Sim. Na minha área há muito disso. Já deixei de ser contratada em uma empresa por eu ser mulher, e por eles acharem que eu "causaria tumulto", instigando o sentimento de algum homem e, portanto, atrapalhando as rotinas de trabalho.

Outro tipo de machismo que sofri foi o de conversar abertamente sobre sexo e o homem achar que eu sou uma "piranha"por isso. Nem sei se pode escrever isso aqui, pois acho algo super ofensivo e também acho que é algo que não existe.

Para você, o que significa uma mulher se valorizar?

Significa ela viver a vida dela sem se importar com opiniões alheias e padrões de beleza, mas sim se importando com apenas seu bem estar e das pessoas que ama.

Para melhorar sua autoestima, o que você faz?

Eu escuto músicas, e reflito bastante sobre o assunto em questão.

Sobre a luta das mulheres pelos seus direitos, que incentivo você pode dar as outras mulheres?

Não deixe que ninguém te reprima, não deixe que ninguém diga o que você deve ou não fazer. Você é dona do seu corpo, da sua mente e do seu coração. Se importe menos com as opiniões de terceiros. Ame mais e faça muitos amigos. E por último,como é mencionado num livro que eu gosto,as vantagens de ser invisível, nunca se acomode e pense que você tem o amor que merece ter, vá adiante e busque sua felicidade. Você é dona do seu nariz, possui inteligência pois é um ser humano e isso não passa de uma habilidade, e tem total capacidade de conseguir sua própria renda. Resumindo, seja feliz e não julgue as diferenças, pois elas são as coisas mais bonitas que existem nesse mundo e as que mais duram nessa vida curta que passamos na Terra.

Tem algum blog ou site que você escreve e queira compartilhar?

http://hellomisssweeney.tumblr.com/

Nome/Cidade/Estado:

Gabriella Chame. Rio de Janeiro, RJ.

Profissão:

Arquivista.

Fez, faz faculdade ou tem vontade de cursar? Qual curso?

Sim! Fiz Arquivologia na UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Estou entregando minha monografia. Agora trabalho com digitalização de fotos dos anos 1950.

Indique um livro interessante que você acredita que todos deveriam ler.

“1984” do George Orwell. É maravilhoso e cada dia mais real.

O que você pensa sobre o padrão de beleza feminino ditado pela sociedade?

É bizarro, mas não acho que seja o padrão que a maioria diz. Dizem sempre que o padrão é ser magra e cabelo liso, mas a real, é que o padrão é se odiar e ser infeliz tentando ser uma boneca. Digo, eu sou magra, cabelinho fino e liso, e não amo tanto assim meu corpo. Sempre me senti fora do padrão, apesar de parecer com ele. Querem sempre que você tenha um pouco menos de celulite, uns centímetros a mais, um cabelo sem frizz, sobrancelhas preenchidas. O padrão é não ser suficiente e não se amar nunca. Isso é o mais assustador de tudo. Acho que é uma forma de distrair a gente do que realmente importa.

Você já sofreu algum preconceito/machismo por ser mulher? Pode nos contar?

Já. Nunca em ambiente acadêmico ou profissional, mas fora dele.... Muito. Namorado que adora um “eu posso e você não”, “fica em casa que vou sair”, boatos de que eu era “piranha” porque sempre respondia a verdade sobre as minhas atitudes, parentes com aquela velha história de “você não pode”, “o que os vizinhos vão dizer”, “muito feio mulher falar palavrão”, e assim vai. Sorry, guys, podem ir pra puta que pariu, vou ficar aqui com minha catuaba ahahah Ah! Fora assédio na rua, né? Me meto em uma briga por semana.

Acho que é a mulher SE respeitar.  Saber dizer “não” é fundamental. As vezes a gente acha que tem que dizer “Sim” pra tudo, seja pra essas imposições de “Você não pode fazer isso porque é mulher”, seja pras libertações do “Você pode fazer isso! Você é livre!”. Afinal, não é porque você pode, que quer.  Acho que uma mulher que se valoriza, é aquela que não fica esperando ser escolhida ou receber instruções. Seja por um homem ou por ideais. Ela escolhe o que lhe convém fazer ou não, de acordo com o que ela quer e acha que vai ser bom pra ela. Não importando se disseram que era careta demais, moderno demais, feio ou bonito. Ela se respeita muito pra ir na onda dos outros.

Para melhorar sua autoestima, o que você faz?

Compras! Só RuPaul pode me julgar ahahahaha (Sério, eu tenho que parar com isso).

Amiga, lute pelo que você acredita e não se desgaste tentando convencer machistas. Empodere suas amigas nas pequenas coisas. Em vez de falar “ai amiga você tem que ser feminista”, seja feminista com ela, mostre isso em empoderamento. Aliás, selecione bem quem você quer ao seu redor, não vale a pena socializar com gente que não quer te dar seus direitos!

Tem algum blog ou site que você escreve e queira compartilhar?

Eu tenho um blog: https://odiadocoelho.wordpress.com/

Nome/Cidade/Estado:

Ligiana/Viçosa/MG.

Profissão:

Estudante.

Fez, faz faculdade ou tem vontade de cursar? Qual curso?

Estudo Arquitetura e Urbanismo.

Indique um livro interessante que você acredita que todos deveriam ler.

Com certeza o que mais me emocionou: A Cidade do Sol, de Khaled Hosseini. E, claro, toda a saga de Harry Potter.

O que você pensa sobre o padrão de beleza feminino ditado pela sociedade?

É o que todos dizem... poucas se encaixem; estão sempre tentando se adequar a algo que a cada dia parece mais impossível; gera insatisfação, intolerância... e por mais que a maioria de nós tenhamos consciência de que tentar se encaixar 100% no padrão é impossível e estúpido, não deixamos de reproduzí-lo, mesmo inconscientemente. É como se desde pequenas passássemos por uma lavagem cerebral. Creio também que padrões sempre existiram... só mudam com o passar do tempo. Como lidamos com eles... bom, muitas vezes é uma luta pessoal. Nossos familiares e amigos podem ajudar. Mas o autoamor vem principalmente de um esforço interno, que em algumas vezes parece ser leve, e em outras bem difícil. O diferente pode ser considerado exótico ou abominação, depende da capacidade de amar que uma pessoa tem para si própria e para o outro. E essa capacidade pode ser expandida; depende de uma luta interna e questionamentos a respeito do que nos é passado.

Você já sofreu algum preconceito/machismo por ser mulher? Pode nos contar?

Já. Inúmeras vezes. Quando pequena, os menininhos da vizinha, da escola, da rua, me chamavam de quatro olhos. Brincadeira de criança? Ou coisas idiotas que aprendemos em casa, na escola ou na rua? A partir de um dia, decidi evitar saber a respeito do que as pessoas achavam de mim. A opinião de estranhos não deveria fazer diferença nenhuma em minha vida. Creio que me alienei um pouco, mas foi uma das melhores coisas que fiz. Um dia conheci um cara por quem me apaixonei. Ele era um daqueles chatos que de repente você começa a achar legais. Ele não gostava de mim; pelo menos não da forma como eu queria. Anos depois nos reencontramos. Ele estava diferente; pelo menos fisicamente; e começamos a nos conhecer de forma menos superficial do que da última vez. Percebi que eu havia me encantado por alguém que existia apenas na minha cabeça. Depois de um tempo, o machismo era tão gritante que não rolava nem diálogo mais. Por ser homem, ele acreditava (acho que ainda acredita) que deveria manter quantas opções de mulheres ele quisesse para ficar quando quisesse; e que suas opções, que usassem tudo que pudessem para “conquistar” seu coração e se tornar a única em sua vida. Levantar o tom de voz, dizer não, entre outras coisas, eram formas de perder pontos com ele. Ser a garota meiga e delicada, sempre disponível para ouvir desabafos e críticas entre elogios (que era pra manter as garotas ali) eram formas de conseguir pontos com o tal. Doce ilusão a minha de pensar que conseguiria mudar a forma dele de ver a vida... Mudanças têm que partir de nós próprios; dificilmente conseguimos ter grandes contribuições para mudar alguém. E, antes disso, o amor próprio deve ser bem consolidado, de modo que facas saídas da boa de alguém não sejam capazes de perfurar nossos escudos.

Para você, o que significa uma mulher se valorizar?

Se reconhecer como alguém importante; de valor, independente da opinião de um ou outro que coloca uma venda nos olhos e começa a cuspir palavras sem conhecimento. Começar a perceber que não deve valorizar alguém que não mereça fazer parte de sua vida. Ser seletiva com seu ciclo de amizades e com opiniões que lhe são transmitidas. Ter pensamento crítico.

Para melhorar sua autoestima, o que você faz?

Leio livros; assisto filmes construtivos; mantenho perto apenas pessoas que me alegram a alma; tento ser crítica e questionar ideias pre-concebidas.

Sobre a luta das mulheres pelos seus direitos, que incentivo você pode dar as outras mulheres?

Critiquem até mesmo seus próprios pensamentos. E tenham em mente que extremismos são prejudiciais. A luta deve ser os direitos humanos/sociais.

Tem algum blog ou site que você escreve e queira compartilhar?

Não.

Nome/Cidade/Estado: 

Nuta Vasconcellos, Rio de Janeiro-RJ.

Profissão: 

Empresária e Blogueira.

Fez, faz faculdade ou tem vontade de cursar? Qual curso?

Sou formada em moda e em jornalismo de moda.

Indique um livro interessante que você acredita que todos deveriam ler.

Eu geralmente leio mais livros ligados a misticismo então não costumam ser muito interessantes para quem não curte o universo.  No momento estou lendo “Os arcanos maiores do tarô” de G.O. Mebes e amando. De moda por exemplo eu super recomendo o “História do vestuário” principalmente para quem gosta de história da moda. Super completo e maravilhoso.  

O que você pensa sobre o padrão de beleza feminino ditado pela sociedade?

Qualquer tipo de padrão só serve para oprimir e fazer com que a gente não se sinta bem e feliz em ser como somos.  O padrão de beleza imposto para as mulheres virou uma grande fábrica de dinheiro e isso é o mais preocupante. Quanto mais insatisfeita a mulher está, mais dinheiro ela vai gastar com procedimentos estéticos, cremes e cirurgias. Não tenho nada contra a mulher sentir vontade de mudar seu corpo e se submeter a qualquer tipo de procedimento. Sou contra como isso muitas vezes é uma imposição. E a mulher que não se submete a isso é taxada de desleixada, mal cuidada ou “não é mulher o suficiente” Está mais do que na hora da mídia e a indústria estimular nossas diferenças.

Você já sofreu algum preconceito/machismo por ser mulher? Pode nos contar?

Acho que toda mulher já sofreu. E começa muito cedo em casa e nas ruas. Eu lembro de ser pequena e minha mãe brigar comigo pra eu arrumar o quarto e meu irmão deixava tudo uma zona. Eu questionava o por quê e ouvia”: “ele é homem” na escola, eu cresci muito rápido e era mais alta dos meninos e das meninas e nas festinhas eu tinha que dançar com a professora. O machismo está nas pequenas coisas... uma menina não pode ser mais alta que um garoto. E isso só pra citar na infância, né? Mas passei por infinitas situações ao longo da vida.

Para você, o que significa uma mulher se valorizar?

Uma mulher que “se dar valor” é uma mulher que respeita as suas próprias ideias, que não se deixa calar e luta pelo que acredita. Todo o resto é besteira machista.

Para melhorar sua autoestima, o que você faz?

O que melhorou muito minha autoestima foi mudar minhas referencias de beleza. Enquanto eu só consumia dietas de revista e só acreditava que as modelos das capas eram bonitas eu me odiava.

Eu parei de consumir esse tipo de coisa e só sigo nas redes sociais pessoas que posso me identificar e me inspirar de verdade. E veículos que respeitam as diferenças.

Sobre a luta das mulheres pelos seus direitos, que incentivo você pode dar as outras mulheres?

Eu acho que existem mil formas de ajudar mulheres a lutar pelo seu espaço. Acho que o GWS faz muito isso de várias formas. É um canal aberto para a mulher que quer escrever ou divulgar seu trabalho de outra forma (já divulgamos trabalho de escritoras, fotografas, vídeo makers...) é um espaço que divulga mulheres e falamos de mulheres. Eu pessoalmente escrevo muito sobre autoestima e sempre recebo mensagens de como ajudei e melhorei a autoestima de alguém. Isso não tem preço.  

Tem algum blog ou site que você escreve e queira compartilhar?

No momento só escrevo pro GWS mesmo! www.girlswithstyle.com.br

Nome/Cidade/Estado: 

Yeda Aparecida Sousa Oliveira. Divinópolis /MG.

Profissão:  

Mãe, Locutora, fotógrafa, blogueira.

Fez, faz faculdade ou tem vontade de cursar? Qual curso?

Faço Jornalismo.

Indique um livro interessante que você acredita que todos deveriam ler. 

A cabana.

O que você pensa sobre o padrão de beleza feminino ditado pela sociedade?

Burrice, as pessoas inventam padrões, e regras impossíveis de serem seguidas e usam isso como desculpa para se sentirem frustradas e inferiores.

Você já sofreu algum preconceito/machismo por ser mulher? Pode nos contar?

Nossa, todos os dias, ouço coisas como : mas você é mulher né? Ou não tenho preconceito, mas...

Para você, o que significa uma mulher se valorizar?

Significa que ela sabe seu valor e sua importância, independente do quanto ela caia, que ela não se sinta menos que ninguém, por ser mulher, que não se deixe manipular e que entenda que ela pode tudo, tudo que ela quiser.

Para melhorar sua autoestima, o que você faz?

Gosto de passar um batom vermelho, colocar salto, mesmo que esteja indo pro trabalho.

Sobre a luta das mulheres pelos seus direitos, que incentivo você pode dar as outras mulheres?

São tantas coisas que podemos fazer, primeiro precisamos nos apoiar, nos unir, meu conselho é não desista de você, não se culpe por erros que não são seus e sempre se ame, você é o melhor presente que Deus já te deu.

Tem algum blog ou site que você escreve e queira compartilhar?

Garota do Black: http://garotadoblack.blogspot.com.br/